Todos os caminhos levam a.......... Aparecida???
170 km the MTB? Loucura? Insanidade? Talvez para alguns. Esse final de semana participei, pela segunda vez, com um grupo de amigos de um desafio: pedalar desde a cidade de Extrema, no sul de minas, até a basílica de Nossa Senhora em Aparecida. Para alguns uma demonstração de fé, para outros uma oportunidade de superação, de desafiar a si mesmo, para outros uma aventura.
Seja qual fosse a razão, as 4 am de sexta-feira partimos, 12 ciclistas, 1 carro de apoio e um objetivo em comum: chegar a Aparecida. No primeiro dia o plano era chegar a Santo Antônio do Pinhal, a 110 km de distância, não qualquer 110km, mas um Caminho de muita terra, muita poeira e, principalmente, muita subida. Já no início, com menos de 2km pedalados já tivemos um revés.. 3 ciclistas que largaram mais lentos, mais atrás do grupo, se perderam na escuridão. Esse "desconforto" inicial entre os membros do grupo foi superado com algumas piadas e uma ótima dose de bom humor. E claro pela caixinha de som que um dos ciclista sacou da cartola naquele momento e serviu para nos animar durante todo o trajeto.
Pois bem, além da dificuldade da escuridão, o frio gelava as pontas dos dedos das mãos. Eu não sentia meus pés.. e aquela voz interna me perguntava o que eu estava fazendo ali! Porém, com o amanhecer do dia vieram paisagens incríveis e a certeza que vivemos num país de natureza fora do comum. Mais um ânimo para a viagem. Foi incrível para mim, mais uma vez, constatar toda aquele beleza ali pertinho de mim, no "quintal da minha casa". Uma vez escutei de um amigo: "podemos rodar o mundo mas sempre vamos nos surpreender com as belezas de nossa terra". Naquele dia tive a certeza disso. Quanto verde, quantas árvores, que mata maravilhosa e a tranquilidade da vida do interior. Importante saber apreciar as belezas ao nosso redor.
Esse primeiro dia é muito difícil, muita subida, poeira, dor nas costas, braço., o banco da bike que insiste em incomodar. Tudo dói. É um dia de muita superação, desafio e fé.. seja lá como você encarar. Mas às dificuldades são sempre enfrentadas com bom humor, aliás muito bom humor. O sensacional de viajar em grupo, é o grupo em si. Sempre tem aquele cara engraçado, e também o cara das piadas, digamos, não tão boas assim. Tem o falador, e o quietinho. Tem o que anda no grupo, o que sai em disparada... enfim.. sempre uma oportunidade para uma boa risada.
Enfim, por volta das 18h chegamos a Santo Antonio do Pinhal. Era hora de dar valor a um bom banho quente, refeição e sem dúvida a tão aguarda e desejada cama. Depois de uma noite de sono, lá estávamos todos as 5:30 da manhã prontos para iniciar a próxima etapa. Dessa vez o caminho era mais tranquilo: uma subida inicial e depois uma descida de tirar o fôlego seguida de uma reta interminável até Aparecida. 60 km de asfalto, agora mais tranquilos. era só pedalar... porém é claro, com uma parada obrigatória em uma padaria em Pindamonhangaba para um pão com ovo acompanhado com café, aquele bem doce servido no copo sujo, rejuvenescedor.
Enfim chegamos ao nosso destino. A chegada à basílica é sempre um momento de emoção. Todos nos cumprimentamos, agradecendo uns aos outros e nos parabenizamos pelo feito, para alguns algo monumental. Sempre tem o cara com lágrimas nos olhos, o sorridente, o cara que já planeja o ano seguinte é o que diz que nunca mais vai. Normal.
Para mim foi uma viajem de aprendizado. Aprender sobre mim mesmo, reconhecer meus limites e saber supera-los. Saber observar o limites dos demais ao meu redor e sobre tudo saber respeitar, apoiar, incentivar, ser incentivado e crescer como pessoa, como atleta e como amigo.
Alguns dos pontos altos... a caixinha de som que apareceu do nada, a foto de todos e do dedo, o tiozinho que estava la pelos seus eeeennnntas que encontramos pelo caminho e pedalava sem as mãos enquanto chupava mexerica, e sem dúvidas, o garçom do almoço da volta.. que do nada começou a falar em inglês. Quando eu perguntei onde ele havia aprendido a falar um inglês tão claro e tão bem falado me respondeu em inglês que tinha aprendido por conta, estudando ele mesmo e praticando sempre que podia.. pois eh.. mais uma lição. E muitos outros pontos altos.. que dariam outro post de histórias engraçadas... o café ruim, a batata doce do fogão a lenha, a goiabinha, do cara que apostou e perdeu a bike na subida, do cara que usava leite de rosas, do chinelo desaparecido, da noiva do velotron.. hehehehe muitas outras histórias..
Mas é isso ai! Parabéns a todos que completaram esse desafio de fé e superação. Obrigado ao pessoal da organização: foi impecável! Obrigado ao motorista do carro de apoio pela paciência.. Ah! Cara da van, depois a gente conversa sobre aquele ar condicionado que não existia, banco que não reclinava e aquele rádio que insistia em tocar o som de um enxu de abelhas...