O piriri que converteu o infiel.
Fim de semana é dia de treino e hoje teve longão. 18km para alguns, 30km para outros, isso mesmo 30km de asfalto e sol. E como diz o velho provérbio africano "Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado". E hoje éramos cerca de 30 atletas, 30 pessoas dispostas a levantar-se cedo em um dia de domingo e estar prontas e com energia para correr 30km. Todos a postos as 7 da manhã, mãos juntas para um grito de guerra e lá seguimos, um passo de cada vez liderados pelo grande mestre Marinho para realizar mais um treino, um treinão, um desafio. Assim como para alguns outros companheiros de treino, essa semana foi de apreensão para mim. Há uns 10 dias venho sofrendo de uma lesão na panturrilha. Depois de alguns dias de tratamento, massagem, fisioterapia, pilates e tudo mais, finalmente no sábado a super Ana, fisioterapeuta do time MFT, aplicou uma daquelas bandagens coloridas na minha perna e de outros amigos também. Cada um com uma cor diferentes parecíamos os tais Power Rangers.. a equipe múmia pelas ruas de Bragança! Até meu filho Guilherme de 3 anos entrou na onda da tal bandagem colorida, apoio total!!!
Pois bem assim partimos para o treino, cada um no seu ritmo, alguns kilómetros a frente e começaram a se formar os grupos. Grupos com o mesmo pace, ou velocidade. Logo no começo senti a tal da panturrilha, ela estava lá para me lembrar pra pegar leve. Mais ou menos no kilómetro 12 sentir a dor aumentar e também o medo de ter que parar. Mudei a técnica de pisada, comecei a tocar o chão primeiro com o calcanhar e assim poupar um pouco a panturrilha. E assim segui em frente, já no kilómetro 20, me sentindo bem pensei até em acelerar mas lembrei da panturrilha. Depois de 22 km senti o joelho. Agora era joelho esquerdo e panturrilha direita. Vixxi complicado! Diminui o passo e de repente no km 24, putz, a panturrilha falhou! Algumas das famosas frases libertadoras (p$%#¥iu, va$%#*t@$u) ajudaram a acalmar a alma. Voltei de carona com o pessoal da hidratação até o ponto final. Não foi dessa vez que terminei o longão.
Terminado o treino, abraços, aplausos e muita energia ajudaram a acalmar a dor e o peso daquele grande esforço. E assim nos reunimos para um café da manhã com muitas risadas, alegrias e alguns contos. Teve até corredor que se converteu, sim, religião mesmo. Parece que no meio da corrida o cara sentiu um piriri, um chamado da natureza. O cara em pânico olhou de um lado para o outro em busca de um "refúgio" e aparentemente o único lugar viável era a "casa do senhor", um templo de portas abertas a toda alma humilde que esteja disposta a aceitação. E nessas horas, meu amigo, naquele apuro, qualquer "infiel" se converteria. Corpo e alma mais leves, o cara voltou a correr para terminar o treino.. comprometimento acima de tudo.
Teve também o pessoal do frango fantasma.. sim pediram um frango assado na mesa, que quando chegou foi colocado a minha frente. Eu juro, eu pisquei e já não tinha mais frango. Pois é, esse pessoal não tem só fome de treino, tem fome de frango também! É isso aí, o treinão foi um sucesso! Sucesso de organização e logística. Não é fácil garantir a hidratação de todos. Parabéns professor Marinho, equipe e família MFT e todos os voluntários que despertaram cedo para garantir a performance de todos nós. Um grande abraço e até a próxima!
